quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Intervalos - Parte II

Hoje vou dar continuidade ao assunto dos intervalos, ainda tratando de percepção. Achei melhor ir um pouco mais devagar, então hoje introduzirei mais dois intervalos diatônicos:


Exemplo de QUARTA JUSTA. Clique sobre a partitura para ouvir. Dica: Hino Nacional


Exemplo de QUINTA JUSTA. Clique sobre a partitura para ouvir. Dica: Primavera - Vivaldi


Vamos agora a mais dois exercícios utilizando todos os intervalos que vimos até agora, um em Dó e outro em várias tonalidades:

Exercício V – Dó Maior

Exercício VI – Várias Tonalidades

Respostas:

Exercício V – Dó Maior

Terça maior / Quinta justa / Segunda maior / Quarta justa / Quinta justa / Uníssono / Quarta justa / Segunda maior / Quinta justa / Terça maior

Exercício VI – Várias Tonalidades

Terça maior / Quinta justa / Segunda maior / Quarta justa / Terça maior / Quarta justa / Segunda maior / Terça maior / Quinta justa / Quinta justa

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Intervalos

Tenho visto muitas pessoas fazendo perguntas a respeito de intervalos nos fóruns de discussão e nas comunidades de Teoria Musical no Orkut. Proporcionalmente às perguntas, vejo o número de pessoas ensinando da maneira mais complicada para se aprender: decorando quantos tons tem cada intervalo. Não é raro vermos uma frase como “A terça maior tem 2 tons de diferença, a quarta justa 2 tons e meio...” e assim por diante. Como existem maneiras muito mais fáceis de aprender – e não somente decorar – os intervalos, resolvi escrever esse texto buscando auxiliar os “masoquistas” da Teoria Musical. Pretendo construí-lo em duas partes principais: a primeira, puramente teórica com exemplos e exercícios resolvidos e uma segunda onde tratarei da Percepção dos Intervalos Diatônicos e Cromáticos com exemplos e exercícios em MIDI. Bem, vamos ao que interessa!

Afinal, o que é INTERVALO?

De uma forma bem básica e genérica: Intervalo é a distância entre duas notas.

Ah ta, ótimo... E por que eu tenho que saber isso? Onde vou usar?

Tem que saber porque é um dos “degraus” básicos no estudo da Teoria Musical. Sem saber intervalos, você não saberá formação de acordes e tudo o que vem em seguida. Isso sem contar que, quando você domina a percepção dos intervalos, fica muito mais fácil você tirar um tema, um solo ou outra coisa qualquer de ouvido, e ainda adquire a capacidade de cantar uma partitura a primeira vista, se você tiver uma boa leitura, obviamente.

Ta, já me convenceu...começa a explicar!

Ótimo! A princípio, gosto de dividir os intervalos em dois grupos: os que fazem parte da escala e os que não. Apenas para fins didáticos, vamos usar os termos “bom” para quando estiver dentro da escala e “ruim” para quando estiver fora.

Comecemos a classificar os intervalos. Algumas diretrizes são dadas:

1* Conte, a partir da primeira nota, qual o intervalo.

2* Veja se está dentro da escala

Exemplo:

SI – FA#

1* Contando a partir do SI (em números romanos). É importante ressaltar aqui que não se leva em consideração os acidentes:

I SI

II DO

III – RE

IV – MI

V – FÁ

Nesse caso, observamos que o FA é a quinta nota depois do SI, portanto, é uma QUINTA.

2* O FA# está dentro da escala de SI?

Aqui basta ver quais são os acidentes de B : FA# - DO# - SOL# - RE# - LA#

Como o FA# pertence à escala de B, temos uma QUINTA “BOA”

Segundo exemplo:

DO – LAb

1* Contando a partir do DO, o LA será a sexta nota

2* LA na escala de C é natural, logo LAb é uma SEXTA “RUIM”

Hmm...certo... mas e agora, eu vou ficar chamando a nota de boa ou ruim sempre?

Não. Como tudo na música, as notas têm uma nomenclatura correta. Vamos vê-la.

Para uma nota “BOA”, adotamos o seguinte critério:

Quarta e Quinta são chamadas de JUSTAS

Os demais são chamados de MAIOR.

Utilizando nosso exemplo acima, SI – FA# seria uma QUINTA JUSTA.

Certo. E quando a nota for “ruim”?

Aí depende de qual intervalo é. Quando um intervalo está meio tom ACIMA da escala, o chamamos de Aumentado. Quando está meio abaixo, muda um pouco: os MAIORES viram MENORES e os JUSTOS viram DIMINUTOS. Tabelinha básica (ela sim compensa decorar):

½ tom acima da escala


AUMENTADO

2ª, 3ª, 6ª e 7ª

Igual a escala


MAIOR

½ tom abaixo da escala


MENOR

½ tom acima da escala

AUMENTADO

4ª e 5ª

Igual a escala

JUSTO

½ tom abaixo da escala

DIMINUTO

No exemplo que tivemos: DO – LAb

LAb está meio tom abaixo da escala (o “correto” seria LA natural). Como é uma sexta e está meio tom ABAIXO da escala, teremos uma SEXTA MENOR.

Tô perdido!

Calma, alguns exercícios resolvem!

Resolução: Temos aqui um intervalo de DO – SOL. Se contarmos, veremos que SOL é a quinta de DO e está dentro da escala. Logo temos uma QUINTA JUSTA!


Resolução: Agora temos DO – Mib. MI é a terça de DO, porém MIb não está na escala de C, está meio tom abaixo. Temos uma TERÇA MENOR!


Tente resolver esses outros exercícios:




Respostas
:

7ª Menor

4ª Aumentada

5ª Justa

5ª Diminuta

6ª Aumentada

Hmm, legal...mas e quando a distância entre as notas for maior que 1 oitava?

Ah, bem lembrado. Aí temos o que chamamos de Intervalo Composto. Intervalos Simples estão dentro de uma oitava, Compostos ultrapassam uma oitava.

Dahora...continua!

Ah, vamos falar um pouco sobre inversão de intervalos... Peguemos como exemplo o intervalo DO-FA. É uma Quarta Justa. Se invertermos, teremos FA – DO, uma Quinta Justa. Porém, existem maneiras mais fáceis de se pensar em inversão de intervalos que ficar classificando novamente. É básico e pura Matemática. Aliás, até proponho a formula aqui:

Inv = 9 - Into

Onde Inv = Inversão a que se quer chegar

Into = Intervalo Original

Calma, para quem odeia matemática, vamos aos exemplos:

Tenho uma terça. Qual será sua inversão?

R: Simples. 9 – 3 = 6. Teremos uma SEXTA.

Viu, eu disse que não era complicado! A partir daí, temos uma regrinha para inverter:

MAIOR <=> MENOR

AUMENTADO <=> DIMINUTO

JUSTO PERMANECE O MESMO

Exemplo: Qual é a inversão de uma Sexta menor?

1* 9 – 6 = 3. Sabemos que é uma terça

2* Menor vira Maior...Portanto teremos uma TERÇA MAIOR!

Simples, não?

Acabou?

Bem, teoricamente sim, mas eu sempre gosto de chamar a atenção para um intervalo em particular: o TRÍTONO!

Como o próprio nome sugere, é um intervalo de três tons, o mesmo que uma QUARTA AUMENTADA ou uma QUINTA DIMINUTA.

E por que ele é tão importante assim? u.u’

Simplesmente porque sem ele uma música não tem tensão repouso. Ele é um intervalo de grande instabilidade. Essa instabilidade faz com que a música fique “esperando” por uma conclusão. Ouça o exemplo da partitura aqui:

O FA “pede” para que venha um MI logo em seguida, assim como o SI faz com o DO. Dessa forma sentimos um “ponto final” na música.

O Trítono está presente em toda música Tonal, servindo sempre como criador de tensão, para então ser resolvida. Ele é o responsável por dizer que aquela frase musical acabou.

Bem, na parte teórica, acredito que já é o suficiente (poderíamos falar sobre a razão matemática de cada intervalo, mas para o instrumentista ávido por estudar teoria e sair tocando, isso seria inútil e tedioso). Nesse caso, vamos à percepção!

Em primeiro lugar, que fique claro uma coisa: Percepção não é uma das coisas mais fáceis para se ensinar pela Internet e escrever esse texto sobre percepção será um verdadeiro desafio para mim. Espero que cumpra bem o meu papel...

Afinal, de que se trata a percepção de intervalos?

Simples. Ao invés de identificar intervalos quando toca, conseguir pensar teoricamente nos intervalos, etc., através da percepção nós conseguimos ouvir os intervalos. Isso ajudará bastante quando for tirar alguma música de ouvido. Outra coisa, é muito bom que você aprenda a cantar, mesmo que desafinado no começo, os intervalos. Mãos, ou melhor, ouvidos à obra!

Em primeiro lugar, é essencial associarmos os intervalos a alguma música que conhecemos. Fica realmente complicado decorar todos os intervalos apenas pelo som, então é recomendável que se utilize essa “técnica” de relacionar uma melodia conhecida com o intervalo. Durante os exercícios, eu proponho algumas melodias, no entanto, caso se lembre de outra mais fácil, não se reprima! Esqueça minha proposta e use a sua! Ah, caso tenha alguma música legal para lembrar dos intervalos, não se esqueça de me falar! ^^

Começaremos com Uníssono, Segunda Maior e Terça Maior.

Clique abaixo para ouvir os intervalos (se não abrir o MIDI, clique com a direita e depois em Salvar como...):

Exemplo de UNÍSSONO. Clique sobre a partitura para ouvir. Dica: os sons são iguais.


Exemplo de SEGUNDA MAIOR. Clique sobre a partitura para ouvir. Dica: pense no som do berimbal.


Exemplo de TERÇA MAIOR. Clique sobre a partitura para ouvir. Dica: Eu sei que vou te amar – Tom Jobim

Abaixo proponho alguns exercícios. São seqüências de 10 intervalos cada, que serão tocados sem repetição. Ouça-os e tente escrever em um papel as respostas. Os dois primeiros estão sempre no tom de C, os últimos estão em tons variados. Só passe para a próxima parte após terem feito 80% de acertos. Divirtam-se!

Exercício I – Dó Maior

Exercício II – Dó Maior

Exercício III – Várias tonalidades

Exercício IV – Várias tonalidades

Respostas:

Exercício I – Dó Maior

Terça maior / Uníssono / Terça maior / Segunda maior / Segunda maior / Uníssono / Terça maior / Terça maior / Uníssono / Segunda maior

Exercício II – Dó Maior

Uníssono / Terça maior / Terça maior / Segunda maior / Uníssono / Segunda maior / Segunda maior / Terça maior / Uníssono / Terça maior

Exercício III – Várias tonalidades

Segunda maior / Terça maior / Uníssono / Terça maior / Segunda maior / Terça maior / Segunda maior / Terça maior / Segunda maior / Uníssono

Exercício IV – Várias tonalidades

Terça maior / Segunda maior / Uníssono / Segunda maior / Terça maior / Segunda maior / Terça maior / Uníssono / Segunda maior / Terça maior



Em breve continuarei falando mais sobre percepção de intervalos.

Abraços a todos

Escalas

Acho que é importante falar um pouco sobre escalas, já que nelas está a base para o resto do estudo de Música. Acontece muito de instrumentistas decorarem um shape e mandar brasa nele sem nem sequer se preocupar com quais notas está tocando. Outros mais kamikazes decoram uma "fórmula de escala" que seria os intervalos(distância entre notas) de Tons e Semitons. A Escala Maior Natural seria formada por:

F-T-T-ST-T-T-T-ST

F=Fundamental(nota q dá o nome à escala)
T=Tom
ST=Semitom

no caso, a escala de Lá Maior(A) seria:

Lá - Sí - Do# - Ré - Mí - Fá# - Sol# - Lá
F - T - T - ST - T - T - T - ST

Acontece que muitas vezes essa forma de pensar em escalas torna complicado o jeito de montá-la, principalmente pra iniciantes. Sem dúvida esse é um jeito que atrasa o pensamento do músico, que deve ser o mais rápido possível.


Ih, me chamou de lerdo...Me fala como pensar rápido então...

Para sanar esse problema de lentidão de pensamento, usamos um outro método que vou apresentar agora. Ele possui duas formas diferentes para escalas em Sustenidos(#) e escalas em Bemois(b). Vamos começar com as escalas em Sustenidos.

O primeiro passo eh decorar a Ordem dos Sustenidos. Logo entenderemos o pq dessa ordem. Por hora, apenas nos é necessário decorá-la. Eis a ordem:

Fa#-Do#-Sol#-Ré#-Lá#-Mí#-Sí#

Essa ordem é originada do Ciclo de Quintas, que fica pra uma outra hora. O que é importante sabermos é que os acidentes em # sempre aparecerão nessa ordem. Se uma escala tiver o Sol#, obrigatoriamente ela terá o Fá# e o Do#.


Tá...e como eu vou saber quais acidentes ela tem? ¬¬

Quando queremos encontrar os acidentes da escala, precisamos seguir alguns passos.

1. Encontrar a nota que está meio tom abaixo da tonalidade em questão
2. Localizar a nota encontrada na Ordem dos Sustenidos
3. Partindo do Fá#, que é o primeiro acidente, chegar até a nota encontrada. Esses serão os acidentes da tonalidade em questão.

Tá difícil? calma...tem exemplos

Ex.: tonalidade : A

1. encontramos a nota q está meio tom baixo, no caso Sol#
2. localizamos a nota na Ordem dos Sustenidos: Fa#-Do#-***Sol#***-Re#...
3. partindo do fá# e indo até o Sol#, encontramos os acidentes, no caso serão Fa#, Do# e Sol#

pronto!!mas tem excessões!

* a Escala de Dó Maior (C) não possui nenhum acidente, logo nao poderemos aplicar a regra a ela
* a Escala de Fá Maior (F) possui acidentes em bemois, que utilizam outra regra, portanto nao poderemos aplicar a regra a ela tampouco.


caraca! Não é que funciona mesmo?! Mas...e a escala em bemóis?

Calma, calma. Antes de começar a reclamar que "lá vem mais regra", eu avisei que teríamos DUAS regras distintas para escalas em Sustenidos e em bemóis. Bem, stress à parte, vamos ao que interessa.

Para achar as escalas em bemóis, utilizaremos a ORDEM DOS BEMÓIS:

Sib-Mib-Lab-Reb-Solb-Dob-Fab

Essa ordem é originada do Ciclo de quartas, outra explicação que ficarei devendo por enquanto. Quanto aos procedimentos para encontrar os acidentes, segue-se a regra:

1. Procurar na Ordem dos Bemois a tonalidade em questão.
2. Encontrar o próximo acidente na ordem dos Bemois
3. Esses serão os acidentes.

Concordo, concordo. Aparentemente as escalas em bemois são mais dificeis. No entanto, vamos aos exemplo e tudo se resolve.

Ex.: tonalidade: Eb

1. Encontramos o Mib na ordem dos bemois: Sib-*Mib*
2. Ainda na ordem dos bemois, encontramos o proximo acidente: Sib-Mib-*Lab*
3. Os acidentes de Eb serão Sib, Mib, Lab


Simples, não? Aposto que qualquer macaquinho faz com um pouco de treinamento...=P


Bem, julgo necessarias algumas considerações:

1. Treine, treine e treine. É importantíssimo que você saiba as duas Ordens decor e que pense rapido na hora de montar as escalas.
2. Procure sempre passar a teoria para o seu instrumento. Você pode "brincar de escala", tocando um determinado acorde (D, por exemplo) e montando a escala em seguida. Essa pratica vai ajudá-lo tanto na teoria quanto na tecnica especifica do seu instrumento (a menos, é claro, que você toque reco-reco =P)


Hmmm....e as escalas menores?

Ah, para isso a gente tem que estudar tons relativos. É bem simples. Toda tonalidade MAIOR tem um relativo MENOR e vice-versa. As escalas relativas terão os MESMOS ACIDENTES.
Para achar um relativo menor, basta encontrar a nota que está 1 tom e meio abaixo da tonalidade em questão.

Exemplo: relativo de D = Bm

Para achar o relativo maior, o processo é inverso, sobe-se um tom e meio

Exemplo: relativo de Gm = Bb


Nesse caso, quais seriam os acidentes de Cm?

1* Cm é relativo de quem? Eb
2* Quais são os acidentes de Eb? Sib - Mib - Lab
3* Portanto, os acidentes de Cm serão Sib - Mib - Lab

Começando

Bem, todo blog teve um começo. Esse post nada mais é que o começo do Theoruzium™ e, ao mesmo tempo, sua apresentação. Percebi que seria útil criar um blog que falasse de Teoria Musical e Harmonia após vários posts no Orkut. Infelizmente, o Orkut não permite que eu coloque arquivos MIDIs, que são muito úteis enquanto escrevo.
Bem, de qualquer forma, pretendo colocar aqui alguns artigos gerais sobre Teoria e Harmonia, além de fazer desse blog um diário de minhas andanças musicais. Quer saber quais são minhas idéias? Entre no Theorizium™!